Coração do Inverno, Theurge, Siberakh

No lugar mais frio da terra, reside uma linhagem esquecida. Eles não fazem parte das políticas Garou, não são membros da nação. Combatem a Wyrm da sua própria maneira e enfrentaram os terrores indizíveis de Baba Yaga, a mãe negra. Unidos pelos laços entre Wendigos e Presas de Prata, os Siberakh não possuíam os defeitos de nenhuma das duas tribos, sendo assim puros e perfeitos.

         Coração do Inverno é um dos últimos membros dessa quase extinta linhagem. Nos últimos dias, são muito poucos, menos de duas dezenas. Apesar de ter nascido um Lupino, sua herança espiritual é inegável.  Viveu entre os lobos parentes, até que passou por sua primeira mudança, de uma forma não convencional. Não houve nenhuma violência no ato. Até quando era "apenas" um lobo, já experimentava a mágica da clarividência. Aos 2 anos, um poderoso ancestral o despertou e o conduziu em uma triste peregrinação,  ao mesmo tempo, física e espiritualmente, pelo mundo físico e pela umbra. Diversos caerns, antes mantidos por servos de Gaia, vazios, estéreis.
Toda sua essência e seu esplendor consumidos pela magia negra da bruxa. Felizmente, ela caiu, mas deixou um rastro vazio para trás...


        Após essa peregrinação espiritual, lhe ocorreram três portentos. Aves migrando num crepúsculo, uma raposa das neves e um corvo revirando uma carcaça e um mau colossal, uma monstruosidade negra com diversos tentáculos emergindo do mar. Sonhou também com uma grande assembléia no último reduto da Wyld, o coração da natureza. Ao retornar para as terras da família, buscou pelos anciões e os theurge lhe falaram. Ardeu em seu peito a vontade de ajudar seus irmãos distantes e alertá-los sobre os perigos que estavam por vir. Mas isso significaria abandonar seu povo, dizer um adeus. O mais antigo dos Theurges compreendeu sua missão e o nomeou Coração do Inverno, pois partir lhe endureceria a alma, congelaria seu sangue. Os Siberakhs não participavam das políticas da nação, mas não o impediriam de prestar ajuda.

       Partiu na primavera e com lágrimas e uma porção de lírios siberianos, presenteou Irina, uma parente de grande estima, com quem sempre manteve grande amizade, mesmo quando era apenas um filhote. Começou a peregrinar para o nordeste, seguindo as estrelas no céu. Em algum ponto depois de semanas de viagem, percebeu sangue quente na neve e pegou o rastro de um espiral. Ainda motivado pelo seu instinto lupino, atacou furtivamente o inimigo. Arrancou-lhe a perna que ainda tinha e o levou ao extremo da agonia e do terror.  Tentou interrogá-lo, mas o maldito era ardiloso, com a língua afiada e dada a mentiras. Porém, era difícil lhe enganar e logo a verdade foi extraída. O espiral relatou ter atacado com sua antiga matilha, agora morta, um parente de raça pura. Todos foram aniquilados por um garou famoso com uma tatuagem no rosto, mas esse um conseguiu escapar sem a perna. Implorou pela sua vida, mas foi atirado ao Mar do Ártico, para jazer no frio e na escuridão. Assistindo tudo isso, estava a coruja das neves, que passou a acompanhar Coração do Inverno em sua peregrinação.